austeridade e vaidade…
Tenho simpatia pela virtude da austeridade praticada, mas é incrível como até disso, não convindo, se pode fazer vaidade… Nunca havemos de estar descansados nos nossos curtos méritos. Abençoada inquietude…
Tenho simpatia pela virtude da austeridade praticada, mas é incrível como até disso, não convindo, se pode fazer vaidade… Nunca havemos de estar descansados nos nossos curtos méritos. Abençoada inquietude…
Vê como eles fazem ao sábado o que não é permitido
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mc 2, 23 – 3
A tensão entre a letra da lei e o amor é uma das mais presentes no rasto de Jesus na história. No Evangelho de Marcos, mais uma vez, esta tensão emerge no relato da cura do homem com a mão atrofiada. Esta cura, antes de mais, é uma porta de coisa maior, uma salvação onde as mãos se colocam ao serviço, num trabalho existencial, mas real, pelo ‘reino de Deus’. É sempre bom tónus de oração em face das escrituras, a auto-pergunta inspirada: que atrofios tenho e a que estão as minhas mãos presas e atadas, a ponto de não servirem? Há depois, também, um corolário de mais esta história de cura a um sábado. Talvez possa ser assim enunciado: nenhuma lei impeça o amor…
L 1 Dt 5, 12-15; Sl 80 (81), 3-4. 5-6ab. 6c-8a. 10-11ab
L 2 2Cor 4, 6-11
Ev Mc 2, 23 – 3, 6 ou Mc 2, 23-28
A profundidade é possível mas difícil. Tendemos a esconder o mais intenso e valioso. Por isso Nietzsche dizia que tudo aquilo que é profundo ama a máscara…
Afirmar que o discernimento é o grande caminho de cada um e da própria Igreja introduz um dinamismo que pode assustar algumas mentes mais dirigistas. Alguns temem ‘a balda’ e a não exigência. Não há lapso maior: a procura do discernimento não é imobilista, mas é absolutamente exigente. Uma exigência “que vem de dentro”, porém…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 28, 16-20
alguns, porém, duvidaram
Em dia de celebração cristã da Santíssima Trindade o texto de Mateus traz-nos também o dinamismo da dúvida nos apóstolos. Não há fé sem dúvida como não há realização sem desejo. O reconhecimento da dúvida nas questões pessoais e face à própria transcendência é de grande importância. A caricatura da ausência de dúvida e risco, na vida, como na fé, é uma existência categórica e rígida, normalmente pouco empática. A assunção da dúvida, por seu lado, gera abertura e crescimento, consciência de fragilidade, anotação da carência de luz e humildade. É nessa base que se pode então acreditar e viver acreditando. Ter dúvida não significa a perda de convicção e sentido. Pai, Filho e Espírito Santo, em circularidade amorosa, podem ser esse sentido, podem ser luz para cada um.
Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.
L 1 Dt 4, 32-34. 39-40; Sl 32, 4-5. 6 e 9. 18-19. 20 e 22
L 2 Rm 8, 14-17
Ev Mt 28, 16-20
A fé pode aprender-se, e até elaborar-se ou suportar-se teoricamente. Mas no mais essencial, a fé é um palco tácito: só se (a)pre(e)nde fazendo…
Muitas das pessoas com quem tenho conversas difíceis sobre fé, de dentro da Igreja, usam e abusam de citações de ex-papas para refutarem os meus pontos de vista. Um dos conflitos reside no discurso monolítico, fechado, sempre igual e inegociável, com que se içam bandeiras supostamente eclesiais. Pois cito um desses Papas para chamar à atenção da importância duma fé em constante diálogo com a cultura: “A compreensão do homem torna-se mais exaustiva, se o virmos enquadrado na esfera CULTURAL, através da linguagem, da história e das posições que ele adota diante dos acontecimentos fundamentais da existência, como o nascimento, o amor, o trabalho e a morte.” (Centesimus annus, 1991, João Paulo II)
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 20, 19-23
«a paz esteja convosco»
Em tempo de Pentecostes os cristãos celebram o Espírito Santo. É a transcendência amorosa que sopra no tempo e no espaço. Seria (quaisi) panteísta identificar o Espírito Santo com a realidade, mas, por outro lado, vemos muitas vezes entendimentos etéreos de desproporção mística e (auto) engano, que fomentam uma esquizofrenia entre o corpo e o espírito, entre o transcendente e o imanente. Ora o que liberta e confere a Paz que Jesus quer dar é a integração amorosa das coisas e das essências, do Espírito que flui e que se torna vida real e concreta em nós.
Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.
L 1 At 2, 1-11; Sl 103 (104), 1ab e 24ac. 29bc-30. 31 e 34
L 2 1Cor 12, 3b-7. 12-13 ou (própria do Ano B): Gl 5, 16-25
Ev Jo 20, 19-23 ou (própria do Ano B): Jo 15, 26-27; 16, 12-15
Maria Sklodowska foi uma polaca muito importante. Casou com Pierre Curie e tomou-lhe o nome e sinergias técnico-científicas que a tornaram numa das mais importantes mulheres da história. Em particular, é dela o conceito, a explicação e o termo radioatividade, resultante da emissão de materiais como o urânio. Não é “só” ter sido a única galardoada com os prémios Nobel da Física e da Química. É precisamente ter realizado esse feito original… sendo mulher, em finais do século XIX e inícios do século XX. Marie Curie morre de anemia, muito provavelmente por excesso de exposição às radiações com que trabalhou. Isto é dar a vida na ciência…