Igreja e sexualidades…

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Ainda me questiono com a problematização enquistada e moralística de muitos católicos sobre as questões da sexualidade. Fico com a sensação de que, (des)gastando o discurso, os crentes perdem a oportunidade realista de proporem algo diferente a este nível, de alguma forma urgente e de que a humanidade tem sede. No seu livro “a tarde do cristianismo”, Halik diz isto mesmo de forma sintética e eloquente: “O público secular passou a ver a Igreja como uma comunidade enraivecida, obcessivamente preocupada com algumas questões de sexualidade – aborto, preservativos, uniões homossexuais – sobre os quais ela repete os seus anátemas duma maneira que o público deixou de compreender; as pessoas sabem perfeitamente o que é que os católicos condenam mas deixaram de perceber o que é que eles defendem ou de que modo poderiam beneficiar o mundo contemporâneo. O entusiasmo com que certos ciclos eclesiásticos aderem a uma antropologia que se baseia na noção a-histórica aristotélico-tomista da natureza humana e a sua recusa em levarem a sério as ciências naturais e sociais lembra uma adesão imbecil ao modelo geocêntrico do universo. A necessidade de inovar a antropologia teológica está a tornar-se cada vez mais evidente: é fundamental considerar, por exemplo, a ética sexual não a partir de um conceito estático de ‘natureza humana’ mas num contexto éticos de relações interpessoais percebidas dinamicamente. Numa época em que a sexualidade é comercializada, era bom ter uma palavra a dizer no encorajamento de um erotismo de ternura e respeito mútuos”.